Zeca do PT é considerado o grande rival de André Puccinelli (MDB) na história da política sul-mato-grossense. O marco dessa rivalidade é a eleição para prefeito de Campo Grande em 1996, quando o emedebista venceu no segundo turno com diferença de apenas 411 votos em um universo de mais de 300 mil votos válidos.
Mas outra liderança política desponta na memória de Puccinelli quando o assunto é rivalidade: Londres Machado (PP), que está no 13º mandato de deputado estadual.
“Você não pode ter inimigos, sim adversários. O Londres Machado, na primeira eleição de 82, ele xingava a minha mãe e eu xingava ele. Depois nós dois aprendemos que não se deve xingar. Aí convivemos. Continuou meu adversário. Na primeira eleição para prefeito, ele, Londres Machado, me apoiou em Campo Grande e a dona Ilda Machado [esposa de Londres] apoiou o Zeca. Dois pés em duas canoas. Aí na segunda, eu ganhei em primeiro turno, todo mundo sabia que eu ia ganhar, toda a família Machado veio. Eu sou amigo do Londres hoje. Todos nós temos defeitos e qualidades. A gente tem que admirar: as qualidades do Londres são maiores que os seus defeitos. Penso eu e espero eu que as minhas qualidades sejam maiores que os meus defeitos”, relatou Puccinelli.
Nas décadas de 70 e 80, André trabalhou como médico e teve atuação política em Fátima do Sul, reduto eleitoral de Londres e de Ilda Machado. Foi deputado estadual entre 1987 e 1995, ano em que foi eleito deputado federal. Em 1997, renunciou ao mandato legislativo para assumir a prefeitura de Campo Grande.
Sobre a rivalidade com Zeca do PT, Puccinelli garante que não é jogo de cena. “O trem é real. Hoje já está um pouquinho mais racional. Hoje nos cumprimentamos na marra.”
Derrotado por André Puccinelli em 1996, Zeca do PT foi eleito governador de Mato Grosso do Sul em 1998 e reeleito em 2002. E a figura de Londres Machado foi determinante para a gestão petista no Executivo sul-mato-grossense, conforme o próprio Zeca reconheceu em fevereiro de 2023, quando Londres foi anunciado como líder do governo Eduardo Riedel.
“Em 1998, quando me elegi governador, eu tinha um deputado [do PT]. Pra aprovarmos as reformas que fizemos, a figura, a presença, a articulação de Londres Machado foi inquestionável e imprescindível. Foi o Londres Machado que viabilizou o nosso governo do ponto de vista daquilo que era fundamental aprovar aqui. Portanto, me sentindo emocionado e orgulhoso de ter Londres como amigo, como colega, como deputado.”
Em 2002, ano em que Zeca do PT foi reeleito governador, havia expectativa de que Puccinelli renunciaria à prefeitura para disputar o governo com o rival, mas isso não aconteceu.
“Eu vou dizer por que que eu desisti. Eu tinha cinco grandes projetos para terminar na prefeitura de Campo Grande: o anel ferroviário, que me fez retirar os trilhos do centro da cidade; os anéis rodoviários que eu construí da saída de Sidrolândia até a saída de Aquidauana e até a saída de Rochedo; eu tinha o Sóter para terminar. Mudaram a legislação eleitoral quando o time já estava em campo. Criaram uma tal de verticalização. Então alguns dos deputados estaduais que já estavam acertados comigo não puderam ficar comigo por conta da tal verticalização. Os cinco grandes projetos que eu tinha para terminar eu consolidava meu nome na prefeitura de Campo Grande, eu não tinha ainda desfavelado Campo Grande, que era uma meta que nenhuma capital no Brasil conseguiu e nós em Campo Grande conseguimos, e a verticalização fez com que alguns que iam me apoiar não pudessem me apoiar, porque na televisão e no rádio eram obrigados a dizer que estavam com o outro, eu, segundo Antônio João, amarelei”, contou Puccinelli, que foi eleito governador em 2006 e reeleito em 2010.
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